O dândi é mais do que um estilo visual, é um estilo de vida, preza pelo requinte, pelo luxo e pela elegância afinada. Charles Baudelaire em Manual do Dândi - A vida com estilo (Autêntica, 2009).
Há pelo menos cinco anos como referencial da moda atual, o estilo dandy vem se destacando entre os homens, o mais novo público para um mercado tradicionalmente feminino (veja a postagem: Quanto custa ser um metrossexual? sobre o aumento do público masculino no mercado de beleza). Para entendermos este Neo Dândi, primeiro vamos a sua origem.
No final do século 18 e início do 19 surgiu a palavra dândi para descrever o homem que valorizava a sua aparência, sempre buscando a elegância e uma fisionomia distinta. Além de um comportamento ligado à beleza e sofisticação, os dândis cultivavam o estilo de vida aristocrático, mesmo se viessem da classe média. Digamos ainda que, para estas pessoas, existe uma linha muito tênue entre usar e criar moda, a exemplo do rei da França Luis XV (1710 - 1774), com sua criação em salto alto lembrada até hoje como símbolo de status.
Foto: caricatura de Beau Brummell, um nome associado à elegância dandy e à introdução da moda de terno e gravata.
O comportamento dandy é de um cavalheiro, porém de um homem que escolhe viver a vida de forma leve, bela e sem trabalho braçal. Tem uma obsessão pela classe e horror pelo vulgar. Originalmente, estes seriam alguns significados para o termo dandy: homem rico, dedicado ao ócio e que, mesmo aparentando indiferença, não tem outra ocupação a de correr no encalço da felicidade; o homem criado no luxo e acostumado, desde a juventude, a ser obedecido; aquele que não tem outra profissão que não a da elegância... e por aí vai a eloquente forma de viver, de acordo com o manual dândi.
O Manual do Dândi - A vida com estilo (Autêntica, 2009), traduzido por Tomaz Tadeu, reúne três textos de três autores franceses: Charles Baudelaire, Honoré de Balzac e Barbey d’Aurevilly, onde os escritores dissertam sobre o dandismo:
“Denominem-se eles refinados, incríveis, belos, leões ou dândis, não importa: têm todos uma mesma origem; são todos dotados do mesmo caráter de oposição e de revolta; são todos representantes do que há de melhor no orgulho humano, dessa necessidade, bastante rara nos homens de hoje, de combater e de destruir a trivialidade.
Vem daí, nos dândis, essa atitude altiva de casta provocadora, até mesmo em sua frieza. "O dandismo surge sobretudo nas épocas transitórias em que a democracia não é ainda absoluta, em que a aristocracia está enfraquecida e desvalorizada em partes. Na confusão dessas épocas, alguns homens, deslocados de sua classe, descontentes, destituídos de uma ocupação, são capazes de conceber o projeto de fundar uma nova espécie de aristocracia, tanto mais difícil de abater quanto estará baseada nas mais preciosas, nas mais indestrutíveis faculdades, e nos dons celestes que nem o trabalho nem o dinheiro podem conferir. O dandismo é o último rasgo de heroísmo nas decadências (…)” Baudelaire.
Na moda atual, a essência estética do dândi aponta-se como uma das principais tendências para os coleções 2013 / 2014 ... - o Neo Dândi. E não é só a sofisticação e elegância, sempre presentes na alta costura, mas também do uso de peças e acessórios vintage pós-vitorianos, combinados com chapelaria e alfaiataria refinadas, ternos sob medida, cabelos fora do convencional, jóias como pormenores, e toda a ideia do raro e precioso.
São homens que por não trabalharem, não precisam atender as exigências sociais para uma aparência convencional, ficando próximo do excêntrico ou, no mínimo, do inusitado. Claro que tudo arbitrado com muita propriedade e requinte. Eis alguns nomes de dandys famosos: Oscar Wilde, Beau Brummell, Lord Byron, Lord Edmonton Oxford, Pete Doherty, George Lamb, João do Rio e Charles Cosac.
Veja mais fotos do estilo Neo Dândi:
Pete Doherty, vocalista britânico da banda Babyshambles. |
Não podemos esquecer do nosso importante, talentoso e autêntico dândi carioquíssimo, João do Rio (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto). Jornalista, cronista, contista e teatrólogo. E um grande apreciador do requinte, da elegância e das boas coisas da vida.
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