13 de ago. de 2013

Gaydar - o que é isso?

Tá, meu bem!

O termo Gaydar está cada vez mais popular, principalmente nos dias de hoje, com tantos personagens gays em evidência, além da crescente saída de armário entre os famosos, muitas vezes já esperada há tempos pelos fãs. Traduzindo rapidamente, gaydar seria uma espécie de radar gay, ou um 'sexto sentido' capaz de identificar um outro gay só de olhar. A famosa pinta ou estrela na testa!

É um coloquialismo referindo-se à capacidade intuitiva de uma pessoa para avaliar os outros quanto a sua orientação sexual: gay, bissexual ou heterossexual. O gaydar depende quase que exclusivamente de pistas não-verbais e estereótipos LGBT. Estes incluem (mas não são limitados a) os comportamentos sociais e maneirismos (trejeitos e manias), o reconhecimento da linguagem corporal, o tom de voz usado ao falar, as palavras e gírias escolhidas (os gays geralmente rejeitam tradicionais papéis de gênero - 'jeito de homem' imposto, por exemplo), o posicionamento em uma discussão e até os hábitos de higiene.

Gaydar é detectar a orientação sexual de alguém pela aparência (pelo comportamento superficial), principalmente para aquelas que não agem de forma claramente gay. É o caso dos metrossexuais (independente da condição sexual ou sexualidade), que exibem um estilo de vida mais moderno, hábitos de consumo quase femininos, e preocupação com a aparência pessoal (prática comum aos gays) sem, necessariamente, ser homossexual.

Tabela ou Escala Kinsey
Muitos desconfiam se o gaydar é mesmo real ou apenas um mito popular. Mas estudos científicos comprovam que este radarzinho rosa (ou fúcsia) costuma ser infalível. O estudo mais antigo pediu às pessoas para julgar a orientação sexual de outros a partir de clipes de vídeo, com os resultados finais de que era mesmo um mito - este não deu certo.

Posteriormente, e com mais rigor (publicado em uma prestigiada revista de psicologia), outro teste mostrou que as pessoas poderiam sim avaliar com precisão a orientação sexual, só observando o jeito de ser do outro. Este estudo havia pedido às pessoas para indicar a preferência sexual de acordo com a tabela Kinsey (foto), mais divisível que o trivial gay / hetero. Os pesquisadores encontraram uma correlação significativa entre o local onde cada um se identificava na escala e onde eles eram percebidos pelos julgadores. Assim, foi comprovado que a orientação sexual pode ser percebida apenas através de leituras de comportamentos não verbais.

Estudos posteriores repetiram esta conclusão, e dizem que até mesmo os vídeos caseiros de crianças podem revelar a orientação sexual futura, através de sutilezas comportamentais praticadas desde a infância. Outras pesquisas descobriram também que o gaydar tem maior precisão do que os julgamentos que levam em consideração apenas o rosto. Por outro lado, até mesmo as características faciais individuais (apenas os olhos, por exemplo) podem dar informações suficientes para dizer se um homem ou uma mulher é homo ou heterossexual. Tem estudo que relaciona a proporção entre os dedos da mão e até da direção do crescimento dos fios dos cabelos.

Outros resultados surpreendem ainda mais: os gays têm gaydar melhor do que os heterossexuais, e as mulheres ficam com o gaydar mais aguçado quando estão ovulando (a natureza identificando o garanhão). Um destes estudos trabalha com a hipótese de atribuir isto ao fato dos gays serem mais atentos aos detalhes do que os heteros (em geral), auxiliando na percepção de outras pessoas homossexuais. De resto, estas pesquisas vão testando particularidades deste radar gay, como em um estudo sobre esta pinta nas formas faciais, membros do corpo e até na voz - na forma de pronunciar o som de 's', na entonação das palavras, e até no uso de adjetivos, preferencialmente utilizados por gays: 'bonito' ou 'belíssimo', por exemplo.

Em maio de 2010, um estudo holandês identificou o gaydar na pesquisa acadêmica Sexual Orientation Biases Attentional Control: A Possible Gaydar Mechanism (Lorenza Colzato da Universidade de Leiden, Holanda), concluindo que os homossexuais são mais propensos a adotar conjuntos de atenção localizada ou específica. Dado que eles são minoria na sociedade, pode ser associado uma maior 'ansiedade' em se identificar com o outro (iguais a eles).

Os pesquisadores explicam ainda que "os gays são mais frequentemente confrontados com a vida e à discriminação no dia-a-dia do que os heterossexuais" (Mays e Cochran, 2001 ), sendo plausível que isso cause um aumento nos seus níveis de estresse psicológico (Meyer, 1995 ). E que de fato há evidências de que os gays sentem mais ansiedade na interação social do que os heterossexuais, devido a experiências de estigmatização e discriminação (Pachankis e Goldfried, 2006), forçando naturalmente um 'sexto sentido' ou uma percepção mais aguçada, tanto para a busca do semelhante quanto para a própria defesa.


3 comentários:

  1. Olá! Tem como acrescentar as referências ao texto? Achei interessante e queria ler mais!

    Mays e Cochran, 2001
    Meyer, 1995
    Pachankis e Goldfried, 2006

    Que obras são?

    Beijos!

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  2. Ah e parabéns pela página!
    Show demais! :D

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    1. Obrigado, Felipe! Na verdade são citações da citação do estudo de Lorenza Colzato (2010) em Sexual Orientation Biases Attentional Control: A Possible Gaydar Mechanism. Aqui vão as referências completas:

      Mays V. M., Cochran S. D. (2001). Mental health correlates of perceived discrimination among lesbian, gay, and bisexual adults in the United States. Am. J. Public Health 91, 1869–1876. doi: 10.2105/AJPH.91.11.1869.

      Meyer I. H. (1995). Minority stress and mental health in gay men. J. Health Soc. Behav. 36, 38–56. doi: 10.2307/2137286.

      Pachankis J. E., Goldfried M. R. (2006). Social anxiety in young gay men. J. Anxiety Disord. 20, 996–1015. doi: 10.1016/j.janxdis.2006.01.001.

      BJO!

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