16 de fev. de 2013

Homem de Bigode

Bigode Sexy

Bigode? Tire isso! ou 'Mmmm... ficou ainda mais tesudo!' De vários formatos, maneiras de usar e motivos, os bigodes são o xodó ou fetiche de muita gente. Com este tema, vamos ver alguns casos que merecem destaque, para aqueles que foram mais felizes em cultivar seus bigodes, na TV, no cinema e na história.

Foto: Desenho de Tom of Finland.


Hitler sem bigode (simulação).

Bigodes famosos

São muitos os bigodudos entre as personalidades mais famosas do mundo, como Salvador Dali, Charlie Chaplin, Santos Dumont, Einstein, Nietzsche,  Gandhi, Fredie Mercury... E o inconfundível 'bigodinho de Hitler', que virou até nome de depilação íntima. Barbas e bigodes sempre foram um artifício dos homens para reforçar a masculinidade. Ao longo da história, os mais poderosos do planeta sustentaram imponentes bigodes, que inspiraram gerações.

Alguns bigodes fazem sucesso, mesmo por pouco tempo, como foi o caso do jogador de vôlei Giba. O gato conseguiu ficar ainda mais sexy com um tipo de bigode aos moldes do ator Hulk Hogan. Já nas praias, a dupla Pedro Solberg e Harley chegou a jogar várias partidas onde ambos estavam usando bigodes. Pareciam gêmeos na quadra de areia.

McCall com bigode a la Dali.
Os bigodes também estão entre os moustaches mais famosos do MMAMcCall, por exemplo, trata cuidadosamente do seu bigode, com inspiração em Dali, com pontas fininhas, e até modelando a voltinha nos lados com os dedos.

Outros bigodes, digamos, 'a trabalho', são os produzidos pelos personagens de filmes e novelas. Muitos dispensam os bigodes postiços e preferem ao natural, inclusive para auxiliar no trabalho de identificação com o personagem. No cinema, em Piratas do Caribe, Johnny Depp concorria com o charme de Orlando Bloom, com seu rosto angelical contradizendo o próprio bigode. Em Guerra nas Estrelas, Billy Dee Williams já apresentava um bigode bem moderno para a época. Entre os mais clássicos, não posso deixar de citar o super e eterno galã Clark Gable, com um dos bigodes mais cobiçados da história. E o mega sexy bigode grisalho do ator Sam Elliott, em um dos filmes mais bacanas que já vi: O Grande Lebowsk, de 1998.

Marcius Melhem.
Na TV, temos o comediante Marcius Melhem, que já usou bigode também fora dos palcos e da televisão (muito bom, diga-se de passagem, só de ida). O ator Tony Ramos vira e meche apresenta um bigode em muitos dos seus papéis. Na nova versão de Guerra dos Sexos, o sex symbol entre os peludos, Ursos e Bears, disse que demorou 40 dias para ficar pronto o bigodão do seu personagem Otávio. Para Tony, conforme ele mesmo ressalta, cabelo 'não é problema'. Também na novela Belíssima, o lindo, galã e bonitão Reynaldo Gianecchini contracenou de bigode com Cláudia Raia, no papel do simplório Pascoal. No teatro, o ator 'filho de peixinho' Marcelo Faria também caracterizou o Cadinho, de Dona Flor e Seus Dois Maridos, de bigode, obedecendo a descrição de Jorge Amado para o defunto malandro. Mas entre todos estes atores e personagens, coloco em primeiríssimo lugar o bigode de Malvino Salvador, na novela Alma Gêmea, onde interpretava o rude Vitório, mostrando o peitoral belo e brilhante, sem camisa ou de camiseta regata dos anos 30, e ainda por cima, contracenando com a mega Drica Moraes, no papel de Olívia. Vitório simplesmente me hipnotizava... Paixão a primeira vista... E no Top Gay, Tom Cavalcante com o machão Pitbicha.


O Bigode na história

Pode dizer-se que o bigode é um traço facial que tende a identificar diferentes culturas. No ocidente, o bigode caiu em desuso nas últimas décadas, sendo substituído por uma crescente exigência pela limpeza visual - clean e ascéptico. Mas durante toda nossa história, sempre houveram figuras que criam novidades, os inovadores, como o diplomata britânico Sir Claude Maxwell MacDonald (foto), que possuía um bigode pouco convencional para a época e para o cargo que ocupava.

O bigode teve grande importância na sociedade do século XIX e primeira metade do século XX (anos 20 e 30, principalmente). Naquela época, o bigode era uma ostentação socioeconômica, com uso quase obrigatório entre os homens de grande importância. Era o tempo das 'calças curtas' (bermudas), exclusivas para os garotos. Assim como usar calças longas, era só para homens adultos, usar bigode também representava este début social, além de reafirmação de masculinidade - másculo.

Contudo, existem muitas lendas sobre a origem do uso de bigodes pelos homens e também da própria palavra dada ao monte de pelos que crescem acima da boca. Algumas associações são feitas com os enormes bigodes que os germanos costumavam usar na Idade Média, que chamaram a atenção dos habitantes da Península Ibérica. Os germânicos exclamavam ‘bei Gott’, ‘por Deus!’ - além de juramento, uma mera interjeição. Sem entender o que aquelas palavras significavam, os ibéricos começaram a chamar ‘bigod’ os homens bigodudos. Com o tempo, a palavra foi aportuguesada para bigode. Outros acreditam que 'bigode' chegou a nossa língua durante o Império de Carlos V da Alemanha (Carlos I da Espanha), com o forte contingente germânico que entrou nessa época na Península. Embora a etimologia pareça suficientemente comprovada, não é coerente que tenham sido os germânicos que trouxeram a palavra. Carlos V governou aquele império no início do século XVI e, no século XII, na França, já se chamavam 'bigod' os normandos. Daí a dúvida se o termo foi trazido pelos germanos ou pelos franceses.


Bigode de peão

Nos dias de hoje, não costumo ver tantos homens usando bigode, pelo menos nas grandes cidades. Com a moda do metrossexual, ou 'homem das metrópoles', a cara limpa e todo o resto também limpo, parece ser mesmo a estética da nossa cultura atual, principalmente a partir dos anos 90. Tudo clean, com bastante áreas vazias, claras e arejadas. Contudo, sempre quando viajo para o interior, constato uma coisa: quanto mais longe se vai, mais homens bigodudos se vê. Uma vez, em Garanhuns, interior de Pernambuco, tive a sensação de estar em algum filme pornô vintage, no meio de tantos homens de bigode. O mesmo aconteceu em Patos da Paraíba, e em vários lugares de zona ruralHomens mais velhos, motoristas de ônibus rodoviários, peões de obra, cowboys de estrada e da roça. Assim como a unha grande do dedo mindinho, o bigode é uma das características dos homens de cabaré, frequentadores de puteiros (Zona), apreciadores de uma boa cachaça, junto com o uso de camisas abertas para mostrar o peito peludo e os cordões de ouro.

Estes homens são tidos como Brega pelo restante da sociedade 'moderna' e descolada. O termo 'brega' tem origem nestes mesmos lugares - o arrasta-pé, o forró rela coxa, e... mais cachaça! Particularmente, acho bem legal os bigodes tingidos. O cara todo enrugado e o bigodão pretinho. E tem muitos destes homens simplórios, de vida bem humilde, que na falta de tintura para cabelos, usa graxa mesmo. Tingir o bigode pode potencializar ainda mais a breguice, mas ainda prefiro isso do que bigode encardido.

Além das cidadezinhas de interior, costumo ver nas metrópoles mais homens de bigode nos botecos do tipo 'copo sujo', aqueles perto da rodoviária, onde o povão comparece em peso, com seu charme provinciano: roupas de sacoleira, cintos de couro cru com fivelas grandes, sapatos ou botas com bico fino e salto mais alto, camisa de botão aberta no peito, anéis, correntões, chapéu e... bigode. Como, em geral, são homens mais velhos, penso que a origem desta moda de peão de bigode está no mínimo nos anos 60 em diante, onde esta geração vivenciou o que hoje chamamos de Vintage.


Bigode: uma discreta pinta gay

Tenho uma cisma com todo homem de bigode. Não os metrossexuais, seguidores do que está na moda, fashionistas, etc. Mas aqueles que eu sinto que o bigode faz parte dele, e desde muito tempo. O citado bigode de peão, atrelado a uma moda pouco mais antiga.

Fala-se muito hoje do estilo Vintage, e ele nada mais é que a moda dos anos 60 e 70 (80 seria Retrô), principalmente a estética admirada e usada pelos gays. Para os homens, roupas justas, shortinhos, calça jeans rasgada ou calça social colada na bunda e marcando o pacote... Punhos, tornozeleiras e faixas bandanas de ginástica, calças de moleton ou Adidas... Os calçados são bem semelhantes com o que usamos agora como sapatênis e tênis com aparência de 'fuleiro'. Entre os gays desta época, o bigode aparece em peso, fazendo parte de um conjunto conhecido como Leather, influenciando também todo o restante da moda de vestuário. São roupas de couro, botas, luvas e caps de polícia, cacetetes fake para as fantasias sexuais, bares com imensos balcões... E praticamente todos usando bigode. Esta moda então se popularizou, possibilitando encontrar policiais estilizados, com calças justas e camisetas regatas, também nas ruas, além dos inferninhos e outros ambientes fechados.

Desenho de Tom of Finland.
Cenas deste tipo foram retratadas de forma genial pelo principal desenhista do homoerotismo, Tom of Finland, que retratava vários cenários de pegação entre homens, no estilo Leather de vestir, e gay de agir. A moda gay daquela época era assim, e constatamos nas fotos de revistas antigas, principalmente as pornográficas. Os homens heterossexuais não usavam calças tão justas, jeans rasgado na bunda, nem coletes de couro. Mas, com o passar dos anos, os estilos de moda foram se fundindo, assim como acontece hoje, com homens fazendo sobrancelhas e passando esmalte nas unhas, coisa que antes somente era permitido às mulheres.

Confesso que tenho uma queda por esses homens que usam bigode a moda antiga, oriunda daqueles tempos de pin-up e Lubrifix (refiro-me às oficinas mecânicas com pôster de mulher pelada na parede). E, não sei porque, mas sempre quando vejo um cara assim, penso logo: Mmmm... 'cuecão de couro'. A expressão que ficou famosa pelo personagem Pitbicha, personagem de Tom Cavalcante, não poderia ser melhor exemplo para estes homens mais velhos, másculos, peões e enrustidos. Talvez esta cisma seja também por causa do grupo Village People, que também fazia uma caricatura da cultura gay da época. Os garotões do grupo dos anos 70, referência de símbolos sexuais masculinos até hoje,  mostram muito desta energia frenética da época, seja nos bigodes, ou no figurino, também fantasias eróticas ou fetiche tipicamente gay: o operário ou trabalhador de uniforme, os policiais, o índio, o leather e o cowboy (só o índio, claro, que não tinha bigode). Ou outra versão, porém mais limpa e natural, presente no visual do saudoso Fredie Mercury.  Fred G.


























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