16 de jan. de 2016

Bara Manga: Jiraiya

Best Mangaká

Ao se falar em Jiraiya, a imagem que se forma na mente das pessoas pode variar um bocado. Alguns, mais interessados na cultura japonesa, de uma forma geral, podem se lembrar da famosa entidade das histórias folclóricas do Japão. Outros, dos animes mais populares, lembrando-se do ninja lendário e "pervertido" de Konoha, que um dia foi um dos mentores de Naruto - ou entre as séries japonesas Jaspion, Changeman, Flashman,  JibanUltraman e... Jiraiya. No entanto, para a cultura queer, especialmente os quadrinhos ou mangás homoeróticos, Jiraya é o nome de um dos ilustradores mais conhecidos e representativos do que se chama de bara ("rosa"; gay). Contudo, embora seu pseudônimo tenha todo este sucesso nas artes, principalmente entre as de temática gay, pouco ou nada se sabe sobre o seu nome verdadeiro, bem como de sua aparência ou data de nascimento (sabe-se que ele nascera em 1967), mantendo a privacidade do anonimato, uma vez que ser mangaká não seria sua única profissão, além de outros motivos.

Mangaká (em japonês: 漫画家 Mangaká lit. cartunista) é a palavra usada para um quadrinhista ou artista de banda desenhada no Japão. Fora do Japão, os mangás geralmente se referem a um livro japonês em quadrinhos e mangaká refere-se ao autor do mangá, que normalmente é japonês. Wikipédia


Aliás, desenhar os seus tipos preferidos, homens grandes e musculosos, e de forma tão peculiar, de um hiper-realismo assustador de tão belo, rendeu a Jiraya uma atenção especial, ao participar de um concurso de ilustração, lançado pela revista gay japonesa G-Men, no fim da década de 1990. Com o seu desenho mais do que aprovado, o então jovem artista foi apadrinhado por Gengoroh Tagame, outro autor bara, e passou a colaborar na revista como ilustrador - todas as ilustrações de capa da G-Men, de 2001 a 2006, são de sua autoria. Em seguida, Jiraya foi convidado a criar histórias em quadrinho (HQ) para a mesma revista, tendo algumas destas compiladas em volumes completos (tankohons).

Bara (薔薇? "Rosa"), também conhecido em wasei-eigo "Mens' Love" (メンズラブ, menzu rabu) ou ML, é um termo Japonês jargão para o gênero de arte e mídia de ficção com o foco o sexo, amor e desejo com o tema homoerotismo, normalmente criado por e para homens gays. O gênero bara começou na década de 1960 com revistas de fetiche com conteúdo artístico gay, como por exemplo, a revista Barazoku. Além do mangá bara, também chamado de gei comi (ゲイ コミ? "quadrinhos gays"), também existe jogos eróticos bara.

Bara pode variar-se em seu estilo visual e enredo, mas normalmente tem características de um homem masculino, considerado beefcake, musculosos e com pêlos no corpo, semelhante a ursos (熊? kuma). Bara caracteriza geralmente conteúdo adulto (às vezes de violência e exploração) e romantismo gay, que muitas vezes são temas autobiográficos, retratando o tabu natural da homossexualidade no Japão.

Comentadores ocidentais às vezes referem bara como "yaoi", mas yaoi é em grande parte criado por e para mulheres idealizado bishōnen, é frequentemente em conformidade a uma relação heterossexual em que tem a fórmula dos personagens um dominante masculino seme e o afeminado uke. Em contraste, bara é considerado um subgênero seijin (erótico) para gays e assemelha quadrinhos para os homens (seinen) e leitores do sexo feminino (mangá shōjo/josei). Wikipédia

Uma das especificidades dos quadrinhos do Japão é a de que eles possuem uma vasta gama de gêneros – e todos muito bem comercializados dentro do seu nicho. Temos os Kodomo (quadrinhos para crianças, do tipo Pokemon), Shonen (para garotos, Cavaleiros do Zodíaco), os Shojo (para meninas, Sailor Moon), Seinen (para homens adultos) e Josei (para mulheres adultas). Já quanto às histórias, a subdivisão traz o Mecha ("robôs"), Maho Shojo/Shonen (meninas/meninos com poderes mágicos, estilo Sci-Fi, esportes, aventura, ficção científica, policial, suspense, terror, guerra, drama, na onda folhetim ou novela, etc.

E já considerando como uma vertente mais robusta, temos os mangás com temática gay, com cenas de homoafetividade, homoerotismo e, ou de homopornografia. O Bara, por sua vez, são histórias escritas por homens homossexuais (com raras e desconhecidas exceções), que mostram dramaturgias mais realistas perante o verdadeiro cotidiano gay. A maioria destes trabalhos traz o imaginário e argumentos mais críveis e, acima de tudo, com os homens desenhados nestes mangás de forma mais viril, máscula, ao contrário da representação efeminada dos Yaoi.

MASSIVE: Gay Erotic Manga and the Men Who Make It

O bara é um nicho um tanto underground, especialmente no Japão, onde a discrição é a regra com mais adeptos. Numa parada gay, por exemplo, os japoneses não costumam ir em massa, pois não curtam muito a ideia de expor suas intimidades. Mesmo com toda esta timidez, comum a gays e héteros daquele país, graças à internet, o mundo inteiro pôde ter acesso a abras como dos mangakás Takeshi Matsu e Jiraiya.


Jiraiya Bara Art

Entre o discípulo Jiraiya e seu mestre Gengoroh Tagame (o concurso que Jiraiya participou era de Tagame), o destaque em comum está na perfeição dos traços, do tratamento e toda beleza em seus desenhos. Contudo, enquanto as histórias de Tagame são mais hardcore, Jiraiya acaba utilizando uma forma mais “esperançosa” ao contar uma história amorosa, ainda que possa parecer trágica ou fetichista. Em entrevista ao site Japanese Gay Art, Jiraiya contou que produz os trabalhos esperando que gays se sintam felizes por serem gays e, apesar de se tratar de um mangá (referindo-se à ideia de “desenho exagerado” que se tem deste estilo de quadrinho), tenta fazer traços de homens que tenham verossimilhanças com os que poderíamos encontrar na vida real.

Certamente, só esta fantástica textura brilhosa que ele consegue pôr nos seus 'super homens' (heróis) já é motivo suficiente para ficarmos completamente seduzidos, quase hipnotizados. A semelhança entre as figuras também nos intriga a imaginar supostos autorretratos.

Jiraiya é um dos poucos autores bara com mangás publicados em outros países, como França e Espanha. Juntamente com seu mestre Gengoroh Tagame, Jiraiya certamente já aparece listado entre os ícones do homoerotismo e da queer art, como, por exemplo, os célebres Tom of Finland, Pierre Et GillesRex e Animan - uma espécie de arte documental da cultura erótica gay e, em ambos os casos, essencialmente didática para as fantasias correlatas, antes mesmo que qualquer ativismo.

Perante dos numerosos trabalhos traduzidos e publicados fora do Japão, Jiraiya talvez tenha conquistado uma parte do público que prefere histórias mais leves, com toques de humor. Embora se tratar de histórias eróticas, nem sempre o sexo em si se porta como o principal de sua obra, o que lhe confere um grande diferencial e vantagem no mercado convencional (e até da Arte Erótica), uma vez que seu sucesso já é garantido no gueto e conquista admiradores distintos, através da graciosidade da comédia.

Além de apresentar figuras muito simpáticas, é incontestável a alta qualidade do seu traço, sendo outro importante pormenor dos seus desenhos, entre viagens em histórias reais, supostamente reais ou completamente fantasiosas, mas sempre assertivas no real contexto gay. O realismo fotográfico, igualmente exagerado, é também exibido nas figuras não humanas, de diferentes raças de cachorro, representadas com a mesma e requintada precisão.


Uma dessas historinhas de Jiraiya é sobre cinco estudantes que dividem o mesmo quarto e, para descobrir quem foi que tinha deixado uma mancha, digamos, sui generis na parede, decidem competir para ver quem gozava mais longe. Vemos a história pela ótica do Akazaka, que é homossexual e está no armário. Ele mal imagina que terá uma surpresa muito conveniente no final da história, o que é o lado engraçado e, ao mesmo tempo, erótico da trama - Five Guys in One Room:



Outro mangá se passa nos tempos da 2ª Guerra Mundial. Em A PromiseMorita é um soldado que tem uma paixão platônica pelo Tenente Hiraoka. Nos deparamos com a lembrança de uma noite em que os dois tem uma conversa sobre a guerra, admiração por alguém mais velho, e sobre como a vida é breve. Uma história no mínimo diferente para aqueles que acham que bara só trata de sexo em suas histórias.

Contudo, as traduções são geralmente truncadas, talvez por ser uma das primeiras tentativas de se traduzir textos do tipo (ou na dificuldade de interpretar gírias específicas de um grupo, como o dialeto ou linguagem gay) para o público ocidental. Mas, assim como qualquer tirinha ou similar, a figura se encarrega de apresentar o enredo, mesmo não entendendo nada do que está escrito.

A Promise - Morita e Hiraoka (Jiraya)

Em The Best Trio, conhecemos Shingo, Giichi e Taisuke, três amigos que fazem tudo juntos, inclusive sexo. Porém Taisuke começa a se ver sobrando nessa relação, e inicia uma série de indagações sobre o relacionamento a três em que se encontra.

The Best Trio - Jiraiya
The Gengorou Kimura Family é uma série de histórias curtas (geralmente duas páginas) sobre uma família disfuncional em que os três homens da família Age – o avô Sadao, o pai Gengorou e o filho (e protagonista do mangá) Gou – são gays, sem o restante da família sabendo (no começo, nem os três tinham noção disso).

Em todos os casos, Jiraiya usa estas situações, aparentemente desconfortáveis ou consideradas tabu, revertendo-as em bom humor. Em Aogeba Totoshi, Furuhashi é um professor, cuja vida está desmoronando. Acabou de se divorciar e, por isso, um grupo de ex-alunos decide visitá-lo, para ver como ele estava passando. Entre eles está Arashi, um de seus alunos que demonstra grande afeição pelo professor, que decide ficar um pouco mais na casa dele enquanto os outros decidem ir embora. Uma boa conversa rola entre os dois, que acabam aprendendo um pouco mais sobre si mesmos - um "climão".

Assim como em A Promise, esta história faz mais uma referência à profunda admiração de um jovem a alguém mais maduro. Na diferença de gerações, Furuhashi pergunta por que Arashi ainda não “desistiu dessa coisa de ser gay”, com o aluno respondendo que não é algo que possa ser “desligado”. Contudo, Aogeba Totoshi tem uma carga maior de erotismo, mantendo a importância do discurso como sendo de maior destaque.

Caveman Guu

Foi o primerio mangá de Jiraiya publicado nos EUA. Depois da obra inaugural do próprio mestre, The Passion of Gengoroh Tagame, e mais duas obras deste mesmo mangaká sendo lançadas fora, Jiraiya teve finalmente sua história oficialmente publicada por lá.

Caveman Guu foi feito especialmente para ser publicado nos territórios fora do Japão, tendo sua primeira edição em solo americano. Como diz o título, o protagonista é o homem das cavernas Guu, na curiosa descoberta de que os bebês nascem após as relações sexuais. A ironia ou moral da história estaria no fato de que ele também precisa descobrir que não é em toda relação sexual que isso acontece, bem como não é o único motivo para alguém querer transar - questões bem prováveis de surgirem junto com a humanidade, desde os mais remotos homens pré-históricos. Tudo isso e muito mais vão à tona, frente a complexa relação com a sexualidade ou, mais especificamente, às masculinidadesLeia também:
História: A Origem do Tesão

Além de ter sido algo inédito do mangaká discípulo de Tagame, a publicação de Caveman Guu é de certa forma pioneira por conta de seu formato. Foi um oneshot, ao contrário das sagas compiladas em tankohon, com 200 páginas. Tendo apenas 16 páginas, assemelha-se mais com o formato de doujinshis, geralmente lançados no Japão, onde os autores publicam apenas uma história por edição. Uma manobra comercial inovadora, que pode fazer com que mais títulos nesse estilo sejam publicados. Veja o vídeo apresentando o livro (tankohonMassive:

Massive: Gay Erotic Manga and the Men Who Make It - video preview book


Galeria Jiraiya










 

 












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The beefy world of manga artist JIRAIYA (1967 – present)

Jiraiya G-men postcards [All 49 photos]

2 comentários:

  1. adoro o trabalho do jiraya caras bombados musculosos super touros tesão de post esse valeu
    entrem no meu blog e vejam os coroas bombados mais sacanas nus
    bombadosclub blogspt

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  2. Amando essa matérias grandes! <3

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