Dirigido por Neide Duarte, Um Lugar para Beijar revela os caminhos da sexualidade masculina pela cidade de São Paulo, a diversidade do mundo gay e os locais de pegação, as travestis, os homens aparentemente heterossexuais (másculos), a ameaça das doenças sexualmente transmissíveis e o preconceito que atravessa todos esses caminhos.
O curta começa quase como um filme experimental, com imagens em câmera lenta, ao som de uma locução com texto poético. O locutor fala a partir de um "nós", apresentando diversas facetas do universo masculino. Aos poucos, o filme se transforma em um documentário, com vários personagens dando depoimentos sobre vida sexual e íntima, com créditos identificando o entrevistado para o espectador. Fala-se de um mundo que pode ser considerado underground (locais escondidos, escuros - darkrooms, ideais para as relações anônimas, sem compromisso, e usados para encontros gays, 'caçassão' - desde bailes e cinemas de pornografia até cemitérios, ou lugares abandonados e desertos) a partir daqueles que o frequenta, incluindo os agentes de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. São histórias pessoais e íntimas, de homens casados e bissexuais, que transam com outros homens, de jeito aberto ou enrustido.
Veja o curta-metragem Um Lugar para Beijar (28 min):
Os momentos tristes são contados com um sorriso no rosto ou uma expressão de resignação que se mistura com esperança e com a poesia do filme, como no depoimento de um senhor que foi rejeitado pela família e perdeu o namorado, com o pôr-do-sol ao fundo, e mantendo-se sempre o bom humor. O romantismo também é comentado, com depoimentos até chocantes, como de um travesti que relata que alguns homens vão procurá-los com seus filhos ainda dormindo dentro do carro. Assuntos considerados tensos, porém comentados de forma leve.
Ao mesmo tempo em que ouvimos entrevistados opinando que gays são promíscuos por natureza, outros relatam sua fidelidade e carinho com seus parceiros. Enquanto alguns falam de sexo ao ar livre (Public Sex), outros comentam que não se beijam na frente de crianças ou idosos, por exemplo. Um Lugar para Beijar procura retratar a diversidade gay, mas sem fazer contraposições ou definições de um perfil ideal - um observatório sobre os vários e possíveis tipos de homem nesta condição.
Trata-se de lugares utilizados pelos homens que procuram outros homens para beijar, fazer sexo ou amor, de forma promíscua, profissional, escondida e anônima, ou points e redutos gays (cinemas, cabines eróticas, bares, ruas...) que fervem varando a madrugada, como um bailão com público predominante de coroas, com 'correio elegante' e meia-entrada para os senhores com mais de 50 anos. Ou, simplesmente, lugares em que os homens buscam a 'tal felicidade'. Lugares abandonados, ruas desertas, disputados também por usuários de droga, também em busca de um esconderijo para satisfazerem seus desejos secretos. [Texto adaptado do canal de Sidney Rocharte, por Fred G.]
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Guia Pegação Gay BH
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Palavra-chave: Pegação
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