Estamos nos aproximando do Dia Internacional Contra a Homofobia (17 de maio), e dos festejos comemorativos do Orgulho Gay, geralmente ocorridos no mês seguinte, em junho (em alusão ao episódio de 28 de junho de 1969, a rebelião de Stonewall), com passeatas alegres em diversas partes do mundo e do Brasil, com a maior Parada Gay do mundo, na Avenida Paulista em São Paulo. Em especial neste ano, parece que os motivos de comemoração estão cada vez mais evidentes nas tendências globais, visto que nunca se viu tanta discussão sobre o assunto, e seus consequentes avanços na mudança de comportamento da sociedade e aumento da tolerância aos 'diferentes'. Se o caso Feliciano fosse há décadas atrás, certamente não teria tanta repercussão nos meios de comunicação (que também eram limitados antigamente), além de suas declarações serem consideradas naturais ao famoso 'bom senso' ou senso comum da época, e não uma 'aberração' política, como tem sido hoje. No nosso histórico de machismo, havia um tempo em que os homens nem podiam defender um gay, nem demonstrar entendimento no assunto, que já eram logo considerados como tal - 'Tá me estranhando?!' - o preconceito em ciclo vicioso.
MTV Gay-friendly
Atualmente, e antecipando as comemorações do mês que vem, a MTV lança vinhetas com depoimentos de famosos do mundo da música e das artes contra a violência praticada por homofóbicos ao público LGBT. Além disso, a programação da emissora conta ainda com uma série de comerciais de prevenção a DSTs. A MTV Brasil já vinha há algum tempo colocando gays e lésbicas nos seus programas de auditório, como no Beija Sapo, por exemplo, sendo o primeiro canal brasileiro a dar uma inclusão honesta aos homossexuais na TV - não eram personagens e, sim, pessoas 'normais'. No programa, apresentado por Daniella Cicarelli, um participante denominado príncipe ou princesa tinha que escolher entre três participantes vestidos de sapo ou perereca, para dar um beijo na boca no final do programa. Teve beijo de homem com homem e de mulher com mulher.
Ricky Martin assumiu que era gay em 2010 |
Em um passado não muito distante, a saída do armário por artistas de grande abrangência internacional iniciou uma onda midiática que fez o grande público acreditar que 'virou moda' ser gay. Hoje sabemos que era apenas o início de uma participação cada vez mais efetiva dos homossexuais em favor dos seus direitos como cidadãos, como o casamento gay, a adoção de filhos por casal homoafetivo e, principalmente, poder se assumir publicamente na condição de homossexual.
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Lucio Mauro Filho e Wagner Moura |
A transex Ariadna no BBB 11 |
Podemos também fazer uma ponte entre o dia que o então deputado Jean Wyllys venceu o Big Brother Brasil em 2005, o primeiro gay a ser considerado pelo povão um 'Big Brother', sendo reconhecido ano passado como o melhor deputado federal do país (Prêmio Congresso em Foco 2012). Ainda no BBB, não podemos esquecer de Ariadna, a primeira transexual a participar de um reality show no Brasil.
A inserção de personagens gays em novelas, ou apresentando programas de TV, ou nos campos de futebol e outros 'lugares' tidos como de exclusividade masculina ou hetero, vem de encontro à inclusão da mulher no mercado de trabalho, ocupando cargos que antes era raro, como a própria Presidente do Brasil Dilma Rousseff. Fatores que contribuem na aceitação e compreensão de que sexo ou sexualidade não define competência.
Toninho Cerezo e Lea T. |
Em meio a tanta atenção ao tema, e à importância de pessoas públicas e populares falarem em favor da liberdade de expressão, endossando mais ainda o que os gays almejam, muitos pais de famosos também passaram a declarar publicamente a aceitação aos filhos homossexuais. Em entrevista ao Fantástico, o ex-jogador da seleção brasileira de futebol Toninho Cerezo mostrou apoio e respeito a sua filha transexual Lea T., ao comentar sobre os conselhos que dá à modelo internacional: “É mocinha, só tenha cuidado, você é uma mulher inteligente, uma modelo que desfila em Paris, olha sua importância para várias mulheres e pessoas que se sentem acuada, você vive de exemplo para muitas pessoas. Você pode passar por cima de tudo com uma, duas ou três palavras de doçura, e você vai superar tudo”, disse o pai coruja Cerezo.
Gretchen e Thammy |
Martinho da Vila e Mart'nália |
O mercado colorido
No exterior, além das diversas votações sobre o casamento homossexual, David Stern, executivo sênior da Nike, passou para seus executivos a missão de divulgar e ajudar a maior empresa de artigos esportivos do mundo a encontrar o primeiro atleta assumidamente gay entre os maiores times esportivos dos EUA. O objetivo é torná-lo o mais novo garoto-propaganda da marca. A Nike deixou claro, que quer 'abraçar a causa', oferecendo alguns privilégios para o atleta que entrar nessa: '... se surpreenderá com as novas oportunidades que serão postas à mesa e não tanto com as que poderão lhe ser tiradas' -, como referência a eventuais consequências negativas de atletas que saem do armário. Tudo isso foi possível pois um dos executivos da marca, Rick Welts, que recebeu a incumbência, já havia assumido publicamente sua condição homossexual em entrevista ao jornal The New York Times, em maio de 2011, tornando-se o primeiro grande executivo do ramo nos EUA a se declarar abertamente gay.
Espero ver, um dia, aqueles gays mais efeminados andarem pelas ruas normalmente (sem levar coió). A partir destas manifestações sócio-culturais, gerando mudanças na legislação e na tolerância entre as pessoas, é possível sim esperar um mundo onde a preferência sexual dos outros seja apenas um detalhe, sem confundi-la com outras particularidades como personalidade, integridade moral, etc. E parece-me que este dia está bem próximo. Aliás, o 'amor ao próximo' um dia tem que acontecer! Já falaram em moda passageira - 'Agora todo mundo é gay!' -, e até sobre 'Ditadura Gay', sendo um caminho de muitas discussões sobre o tema, e de constatação de que estas pessoas, tidas como 'diferente', não passam de gente comum, devendo seus direitos de cidadão também serem respeitados, como o simples ato de 'ir e vir', sem ser contudo agredido verbal ou fisicamente pelas ruas.
GAP 2012: 'Seja um!' |
E quanto a estes interesses da família, trabalhistas ou do prazer pessoal, há muito ainda para avançarmos, principalmente em relação ao 'x' da questão: o respeito a diferentes formas de crença. Junto com estas discussões sobre cidadania aos gays e violência contra eles e mulheres, vão também os debates sobre cultura machista, tolerância religiosa, as limitações de um Estado laico, a cidadania aos povos indígenas, e tantos outros excluídos da chamada sociedade civil-izada.
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