19 de mar. de 2019

Comercial da Gillettte é uma farsa para os héteros?


Macho Alfa

O novo comercial da Gillette vem causando discussão entre homens e mulheres, num debate bastante atual sobre sexualidades, aqui, masculinidades e até feminismo, frente ao sexismo. A peça publicitária já acumula 25 milhões de visualizações no Youtube, com mais de 1 milhão de deslikes!


#TheBestMenCanBe #Gillette
We Believe: The Best Men Can Be | Gillette (Short Film)

Uma rejeição que nos deixa um alerta sobre por que um comercial, aparente e politicamente correto, pode ser tão mal visto? Este, por sua vez, podemos dividir em duas partes.

A primeira traz todo esteriótipo (preconceituoso ou conforme as pesquisas) macho alfa, grosseiro, tarado sexual e violento. A segunda já vem com o que seriam correções para este comportamento, tão rejeitado por mulheres, gays e homens heterossexuais não machistas ou misóginos.


Verdade é que quando cutucamos uma falha de um grupo, sempre vem aqueles com as desculpas de que nem todos são assim ou que toda generalização é burra. Ao comentar sobre uma agressão doméstica, logo vem um pra dizer que "aposto que ela também não era boa bisca", e isso não pode ser considerado normal, embora comum de se ver. Tanto pelo julgamento primário quanto extremamente preconceituoso.

Um reposicionamento de uma marca, conhecida por promover a figura do homem masculino, no sentido de apenas um tipo: másculo.


Na visão de muitos que não curtiram o comercial, há uma desconexão com a verdade, tratando como histeria tal caracterização de homem predador e tarado. Um absurdo de cenas fantasiosas.

Vindo de movimento feminista ou não, contra a homofobia ou contra o machismo, das pesquisas de comportamento ou das estatísticas policiais, as cenas são, na verdade, um favor aos homens, refletindo o comportamento tido como masculinidade tóxica, celebrando esta mesma masculinidade como algo que pode ser muito melhor do que a simples imoralidade de machos caricaturados.

Agressão e assédio sexual, estrupo, intimidação, covardia por conta de gênero, apenas. Por que não querer ser melhor que isso?

"Rapazes serão rapazes". Ainda é difícil, para os meninos, chorar ou qualquer outra reação dita como feminina. Os homens também sofrem com o machismo, caso não se enquadram no padrão macho alfa.


Numa transcrição dos comentários de Caio (Morning Show), um dos héteros que achou tudo uma farsa exagerada, vamos ao texto do comercial: "Os meninos que hoje observam serão os homens de amanhã. Os meninos de hoje são criados como predadores sexuais em potencial, tendo uma profunda aversão à dor psicológica. Lembrando que a superação do sofrimento, além de ser sudável para a alma, ainda forma caráter. São crianças que estão tendo sua liberdade de expressão bem tolida, pois, se os fatos ofendem, eles devem ser omitidos. Os meninos criados hoje são acuados, covardes e resignados. Isso é péssimo".

Mas o que já era constatado por mulheres, gays e homens heterossexuais que não se veem como superiores por terem um pênis, parece ganhar um novo espaço de debate, entre os próprios homens. Como se perguntássemos se aquelas cenas procedem com a realidade ou é apenas intriga da oposição.

Do filme Clube da Luta, uma alegoria à masculinidade tóxica.

Contudo, a ideia parece também de não só uma punição visual, onde muitos podem se reconhecer naquelas cenas ou identificar atitudes de amigos, inclusive, mas de uma luta pelo fim dessas ideias sexistas ou mesmo de violência, a partir dos próprios homens. Ou melhor, apostando nas novas gerações de homens.

O que pode parecer também um lobby do tipo pink money, do politicamente correto ou mesmo da indústria das tretas nas redes sociais (forma de marketing bem atual), a campanha da Gillette meche inclusive com o papel das grandes marcas, assim como os artistas e figuras públicas, também poderem se posicionar politicamente, especialmente quando o alvo são seus próprios clientes.
 

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