Selfsuck, autofellatio e o autoboquete

Faça você mesmo!

Hétero ou gay, que homem nunca tentou chupar o próprio pau, provar do próprio sêmen, enfiar o dedo no cu ou qualquer outra safadeza, ainda que por pura traquinagem ou na tentativa de ser autossuficiente na obtenção de prazer sexual?

O autofellatio, selfsuck, selfie sucking, autofelação ou autoboquete é uma das diversas modalidades de masturbação, ou seja, gozar consigo mesmo. Mais especificamente, sexo oral por um homem em si mesmo. E não é para todos, exigindo-se grande flexibilidade com o corpo (talvez um registro ou reflexo das fases fetal e oral), ter um pau acima da média, corpo esbelto a magro, entre outros detalhes que podem ajudar na doce, difícil e curiosa tarefa em se chupar ou mamar a própria rôla.

Sem relação com nenhuma orientação sexual em especial, o autoboquete é uma forma alternativa de masturbação que pode ser comum às diferentes masculinidades. Podemos até garantir que, se fosse fácil, todo mundo iria querer. Afinal, trata-se do próprio corpo, que é onde confiamos totalmente e não temos nenhum tipo de restrição. A masturbação, de uma maneira geral, pode ser um prazer específico, sem comparação e também um consolo, aperitivo, acessório sexual e até homenagem - seja utilizando-se das mãos, para bater punheta ou enfiar os dedos no cu, ou objetos do tipo vibradores, etc. Na imaginação do punheteiro, a autofelação também pode ser comparada a um 69, como se masturbar com a mão esquerda, para quem é destro, e fazer como se estivesse com outra pessoa.

Seja autossuficiente no sexo ou 'assexuado', há quem diga que, além da imaginação, da fantasia sexual, o próprio prazer em se acariciar ou a excitação conquistada com as próprias mãos pode ser tão forte e real quanto em um sexo convencional, entre dois ou mais indivíduos interagindo e se estimulando entre si. Como se tivéssemos uma eterna, insubstituível e fiel namorada ou companheira, sempre ao nosso alcance: a própria mão. Neste sentido, muitos só conseguem gozar "sozinhos", ou melhor, com o próprio toque, ainda que na presença de outros. Um possível problema diante do sexo tradicional, em que um estimula o outro - já aqui, uma boa carícia mesmo é aquela feita com as próprias mãos, literalmente (prazer consigo mesmo e do jeito que bem entender) - DIY ou do-it-yourself!

All the Best Autofellation 13

Segundo os estudos de Alfred Kinsey (1894 - 1956), somente 3 em cada 1.000 homens seriam capazes de realizar autofelação de forma satisfatória, e 3 a cada 10.000 poderiam praticar a autopenetração, inserindo o pênis no próprio ânus. Contudo, a prática parece tão antiga quanto a história das civilizações, onde arqueólogos encontraram hieróglifos e antigas pinturas no Egito arcaico, retratando homens sugando os próprios cacetes.

Hieróglifos e escultura do Antigo Egito

O acadêmico americano David Lorton relata que encontrou muitos textos religiosos da mitologia egípcia, onde a prática da autofelação é mencionada e até considerada sagrada. Segundo referência encontrada nesses escritos, Rá, o deus do Sol, teria criado o deus Shu e a deusa Tefnut (irmã gêmea de Shu) ao ter soltado o próprio sêmen no solo (semeado a Terra), depois de ter praticado um autoboquete. Rituais de autofelação eram aparentemente realizados em honra ao nascimento de Shu e Tefnut, festejando assim a Criação.

Enquanto esta prática era considerada normal na vida dos egípcios, há mais de 4 mil anos, atualmente o selfsuck vai do ousado ao chocante. Muitas pinturas que retratavam o ato na antiguidade foram deliberadamente destruídas e tidas como demoníacas, especialmente pela repressão vitoriana. Nos dias de hoje, porém, basta uma olhada nos sites e redes de vídeo pornô para se constatar que o que não falta no mundo são adeptos do autoboquete e assemelhados. São vídeos, muitas vezes caseiros, diante da cam, e diversos videoselfies de homens em pleno selfiesucking. Os mais radicais não dispensam as facilidades cirúrgicas e vão logo retirando ou diminuindo as costelas, afim de ganharem ainda mais capacidade anatômica para praticarem a autofelação.

Contudo, gostar ou querer chupar o próprio pau não é sinal de homossexualidade. É apenas "um ato narcisista", na cômoda tarefa de se satisfazer sexualmente, diz um praticante heterossexual. Como beijar a própria mão fechada ou sentir prazer em se vê pelado no espelho. Imagina um contorcionista de circo que, durante a adolescência, sentia-se atraído pelo próprio pênis, decidindo então experimentar, exercitar-se e, por consequência ou motivação, entrar para a vida circense. Assim, ele aprenderia as artes do contorcionismo, tornando-se ainda mais capacitado para um super boquete no próprio membro, bem como tomar o próprio leite, e diretamente da fonte (ou uma chuva dourada).

Ou ainda, na expressão Me deixou na mão, onde subentende-se que usaremos recursos próprios para não frustar por completo o objetivo que não pôde se dar com o auxílio do outro, ou seja, se virar sozinho como pode. Ainda que se possa associar com outras modalidades sexuais, como chupar o próprio pau enquanto o outro lambe seu cu (já que o selfiesuck geralmente deixa a bunda e o cuzão todo à mostra), enfiar algo no rabo, disputar o cacete com o próprio dono ou oferecer um outro membro pra ele mamar dois ao mesmo tempo, sendo um deles o seu. Uma infinidade de combinações, além das possibilidades solitárias. Nos filmes Shortbus e Todo Mundo em Pânico 2, por exemplo, aparecem cenas de autofelação.

Frank Valnalla, um especialista em chupar a própria caceta, escreveu o livro Yoga Fellatio, com objetivo de compartilhar seus "segredos" para quem possa interessar. Embora sejam informações ou dicas de senso comum, Frank diz que há técnicas para qualquer um ser capaz de realizar o autofellatio, considerado pelo autor como uma das formas mais incríveis e prazerosas de masturbação. Segundo o autodidata, a prática do autoboquete melhora a flexibilidade do corpo e ajuda, como na ginástica abdominal, a proporcionar aquela tão desejada barriga tanquinho, mesmo o praticante não sendo um ginasta, um contorcionista ou tendo este que retirar qualquer uma de suas costelas. Com formação médica, Frank associa as técnicas antigas de yoga, especialmente criadas para o autoconhecimento corporal, suas possibilidades e limitações físicas, especialmente ligadas ao equilíbrio e ao prazer sexual, incluindo o auto prazer.

Os especialistas concordam num ponto: selfsucking não é diferente de nenhum esporte radical, uma vez que envolve superar os próprios limites, em exercícios físicos extremos com a cervical e com a coluna. Assim, vem os riscos em se machucar, devendo o praticante ter bom senso e os devidos cuidados para não ir parar no hospital todo entrevado. Se você não consegue nem tocar os dedos dos pés com as mãos, melhor se dedicar primeiro aos alongamentos, preparando o corpo para ter mais elasticidade - homens com problemas de coluna e excesso de peso, principalmente os barrigudos, provavelmente terão mais dificuldade em praticar o autoboquete. Fazer com a barriga vazia ou, pelo menos, não depois de ter comido, também é recomendado para não atrapalhar o boquete no próprio pau, onde se tem que dobrar bem a barriga, curvando o corpo como se ele fosse uma folha de papel. Se o praticante tiver uma barriga magrinha, sequinha, poderá obter melhores resultados para chegar com a boca até o genital. Um dos alongamentos mais simples é deitar-se de barriga para cima na cama ou no chão, de preferência macio, e jogar as pernas para trás, levantando a bacia ou o quadril com as mãos. Yoga ou outros alongamentos de coluna certamente irão ajudar.

O autoboquete pode ser feito de algumas maneiras: deitado, na continuação do alongamento explicado anteriormente; meio sentado, usando os braços para segurar as pernas e forçar a cabeça contra o pau; ou em pé, levando a boca até a própria pica. Quanto mais alongado for o praticante, maior for seu pênis ou quanto mais ereto ele estiver, maiores são as chances de um selfsuck bem sucedido. E, conforme já dito, não é só feito a sós, podendo inclusive ter ajuda de mão amiga ou ser feito durante o sexo - o que não deixa de ser um atrativo a mais na hora da foda, tesando os outros e a si mesmo com um comportamento ou fato "raro", inusitado, fora do convencional, quase heroico e extremamente erótico.

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