Páginas

9 de fev. de 2014

Rebeldia, Sacanagem, Beijo Gay... Afinal, o que pode ou não pode na TV e nas redes sociais?

Reflexões sobre a censura na grande mídia

"O público não está preparado!" É o que dizem os maiores veículos de comunicação para os assuntos tabu como sexo, pornografia e principalmente o beijo gay, recentemente desmistificado na última novela da Globo, e em horário nobre.

De um lado os conservadores fundamentalistas e homofóbicos e, de outro, as mudanças naturais e inevitáveis da vida e, consequentemente, da sociedade e o comportamento das pessoas.

E se estes mesmos veículos têm o poder de  tornar qualquer coisa banal, por que continuam elegendo um espaço menor e inferior para a liberdade e diversidade sexual? Ou isso só é possível na figura machista de 'mulher pelada'? Por que a maioria das pessoas nem percebe que é homofóbica? Talvez o que é transmitido nos grandes canais de comunicação ainda seja mais próximo da época em que se torturava e queimavam líderes espirituais que não eram padres católicos (eram "bruxos", "macumbeiros" ou simplesmente hereges).

A intolerância ao diferente, à  outra opinião, promulgada e mantida há séculos na cultura ocidental cristã, sempre relacionou a denominação Gay com algo inferior e errado, doentio (vício), pecaminoso (desvio) e espalhafatoso (soberbo) - seja com aversão, rejeição e violência, ou com compaixão, mas sempre como algo vergonhoso por não ser um comportamento 'normal'.

Mas a vida não é uma coisa estática. Não vivemos mais como homem das cavernas... Ou vivemos? O homem evolui porque a vida evolui e apenas isto - e se a maioria não estiver mais disposta a seguir com os mesmos dogmas de séculos atrás?

Acostumar-se com novas ideias seria uma questão de tempo, assim como a sexualidade (ou no plural, sexualidades), já compreendida pela ciência como algo normal e natural, e independente de qualquer outra condição humana, como personalidade, inteligência, caráter ou capacidades físicas e emocionais.


O Beijo Gay na TV

Depois da exibição em horário nobre do beijo gay entre os personagens Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) na novela Amor à Vida, não se falou em outra coisa em todas as redes sociais, ambientes de trabalho, nas escolas e nas ruas.

As discussões acaloradas nos comentários do Facebook e Twitter seguiram além da madrugada de sábado, quando a cena já havia sido reprisada - um clima de Copa do Mundo. Aguinaldo Silva, autor do famoso Crodoaldo Valério (Marcelo Serrado) de Fina Estampa (2013), havia dito que nunca aconteceria um beijo gay numa novela das nove. Com a cena aguardada há tempos pela comunidade LBGT, que também quer ser identificada através dos personagens de folhetim, Aguinaldo respondeu no Twitter: "Teve beijo gay na tevê brasileira e o país não entrou em convulsão, como se previa? Decepção! Pensei que era tipo um beijo antes de morrer! Mas quanto a mim, continuo mantendo o que sempre disse: nada de beijo gay nas minhas novelas, beijo gay só se for aqui em casa".

Entre os comentários nas redes, o beijo entre a Bicha Má e o Carneirinho conseguiu uma outra façanha - durante toda a novela, só havia crítica negativa sobre a trama, podendo-se resumir a infinidade de mensagens instantâneas na frase 'que novelinha mais sem pé nem cabeça, ataca pra todo lado!", com exceção dos elogios às atuações primorosas do trio Mateus Solano e seus bordões hilários, Tatá Werneck (Valdirene) e Elizabeth Savalla (Márcia ou Tetê Paralama Parachoque).

A nova novela do horário nobre, geralmente com histórias mais realistas, também vai trazer o tema homossexualidade, com promessa de ter mais beijo gay na TV. O autor de Em Família, Manuel Carlos, também estuda incluir uma cena de homoafetividade com beijo na boca. Na terceira fase da trama, Clara (Giovanna Antonelli) troca o marido Cadu (Reynaldo Gianecchini) por Marina (Tainá Muller).

Em novelas com formato mais próximo da realidade, é importante retratar as coisas mais parecidas como elas são ou como elas podem ser, apenas sendo coerente com o que é possível ou não, ou ainda, com o que seria 'normal' e verossímil. Se o beijo na boca entre pares românticos representa afeição, paixão ou amor, por que não o vemos quando estes casais são dois homens ou duas mulheres? E, para as crianças (a grande preocupação dos conservadores), qual diferença teria com o beijo hétero?

Hoje, com a popularização da internet, é praticamente impossível evitar que um menor de idade acesse conteúdo classificado como Adulto. Mas há uma distância em ver alguma coisa e 'levá-la para o mau caminho'. Crianças adoram dançar axé, forró, funk, e fazem o "quadradinho de oito" sem nem sonharem no que aquilo significa para as mentes indecentes, que tem experiências cognitivas bem mais abrangentes e conscientes do que os ainda não ativos sexualmente. E um simples beijinho, ainda que entre homens barbados, está muito distante de tudo isso.

Homossexualidade não é uma regra da natureza, assim como a heterossexualidade também não é - são apenas características íntimas. E há milhões de cidadãos gays vivendo sua sexualidade plenamente, normalmente, independente dos padrões ideológicos impostos (e, inclusive, convivendo com crianças).


Personagens gays nas novelas

Na dramaturgia, o que todo mundo quer mesmo é se identificar com a história e seus personagens, como uma espécie de chancela que diz: 'Você não está sozinho!' ou 'Este sim me representa!'. Para os LGBT, ver romances apenas entre heterossexuais seria o mesmo que disponibilizar apenas cenas gays para um hétero, tendo este que traduzi-las, sugerindo e adaptando a sua realidade não condizente.

E não é de hoje que a Globo, a maior produtora de telenovelas do país e uma das maiores do mundo no setor, vem apresentando personagens gays em suas novelas, séries e filmes. São papéis com todo tipo de biba que se possa imaginar, das mais discretas e enrustidas no armário até às mais afetadas e exuberantes. Contudo, são personagens de ficção análogas à realidade, mas com inspiração limitada no mundo real - são personagens geralmente agindo como figurantes, sem história própria ou romance.

Por outro lado, assim como no futebol, os atores sempre se dizem héteros, sobretudo quando interpretam personagens gays. Eles vão logo ao Faustão e fazem aqueles "arquivos confidenciais", reafirmando a condição de heterossexual casado, com filhos e tudo. Mas o contrário não aparece: já viu um ator gay assumido ser ovacionado por fazer um galã heterossexual?

Nas entrevistas com famosos,  principalmente com os galãs de TV, sempre vem à tona a velha pergunta de talk show: "como anda o coraçãozinho?". Mas se este mesmo artista for gay, a conversa se limita ao estritamente profissional: "fala-me mais do seu trabalho...".

Por sua vez, a maioria dos personagens gays não puderam seguir o roteiro original, sendo cesurados constantemente na hora das cenas de beijo na boca, sexo ou carícias de afeto, tendo que os autores, quase sempre, mudarem seus desfechos e até transformá-los em bi ou heterossexuais - isso quando não tem que matá-los! Ou estes personagens só apareciam em situações cômicas, seja na forma mais caricata ou na mais discreta. No geral, os personagens gays ainda não podem ser efetivamente homossexuais nas novelas, e sim assexuados e engraçados - um clown ou palhaço mesmo.

Veja a lista:
Principais Personagens Gays em Novelas


Sandrinho e Jeferson
A Próxima Vítima (1995 - 1996)

Jerferson (Lui Mendes) e Sandrinho (André Gonçalves) foi o primeiro casal gay levado a sério em novelas da Globo. A questão era emblemática, com os personagens tendo a missão de sair do armário.

O foco da trama entre eles ficou limitado nessa tensão em 'contar pra família', não havendo maiores aprofundamentos sobre a relação afetiva do casal. Pelo menos fugia-se pela primeira vez de esteriótipos: Jeferson e Sandrinho eram 'moços de família'. Veja uma das cenas:

A Próxima Vítima - Sandrinho e Jefferson (dublado em russo)

O ator André Gonçalves fez outro personagem gay em novela, interpretando o alegre e a 220 volts Áureo em Morde & Assopra (2011). Áureo era bem dos espalhafatosos, vivia afoito por machos, falava dialeto gay, também fiel escudeiro engraçado da bela Celeste (Vanessa Giácomo) e, por pouco, não termina a novela com a gata. O casal mulher bonita + amigo gay fez sucesso com suas sacadas hilárias, mas Áureo termina a novela com seu bofe predileto, Josué (Joaquim Lopes).


Morde & Assopra - Áureo e Josué


Junior e Zeca
América (2005)

Junior (Bruno Gagliasso) morava no interior com a mãe e não entendia por que não sentia atração por mulheres. Até que ele conheceu o cowboy Zeca (Erom Cordeiro), por quem se apaixonou. Embora tenham utilizado um galã para fazer o papel de um gay, não houve quase nenhuma demonstração de afeto ou paixão no romance entre os dois - um 'primeiro amor' sem beijos e carícias.


Páginas da Vida (2006 - 2007)

Rubinho (Fernando Eiras) era um médico casado com o músico Marcelo (Thiago Pichi). Todos sabiam do relacionamento, eles moravam juntos, mas as cenas não passavam de tímidos toquinhos no ombro. Levantaram a bandeira do casamento gay, mas pouco se falava do relacionamento íntimo do casal, ou sobre o que poderia justificar aquele casamento. No final da novela, eles viram pais, adotando repentinamente o filho da empregada.


Rodrigo e Tiago
Paraíso Tropical (2007)

Rodrigo (Carlos Casagrande) e Tiago (Sérgio Abreu) eram casados na novela e todos sabiam. Os dois moravam juntos, eram belos e bem-sucedidos e trabalhavam no mesmo hotel em Copacabana. A trama também não entrava em maiores detalhes quanto às questões emocionais da relação entre os dois galãs.


Duas Caras (2007 - 2008)

Bernardinho (Thiago Mendonça) sempre foi incompreendido pela família por causa de seu jeitinho delicado. Apaixonou-se por Carlão (Lugui Palhares), que o desprezou no início, mas os dois terminaram juntos no final. Foi a primeira cena de sexo entre dois homens em novelas, mas desviaram bastante do foco com o triângulo amoroso entre Dália (Leona Cavalli) e Heraldo (Alexandre Slaviero). Carlão era um pit boy homofóbico, fazendo entender que a sua intolerância contra os gays era na verdade um recalque de bicha enrustida. Veja a cena após a noite em que Bernardinho e Carlão transaram:

Bernardinho e Carlão - Duas Caras


Halley, Céu e Orlandinho
A Favorita (2008 - 2009)

Tirando a beleza e talento, Orlandinho (Iran Malfitano) foi uma grande decepção para quem esperava um romance gay na novela das nove. Primeiro ele foi apaixonado por Halley (Cauã Reymond) e, não sendo correspondido, terminou a novela junto com sua amiga Maria do Céu (Deborah Secco), e tiveram até um filho - foi revoltante!


Caras & Bocas (2009 - 2010)

O personagem gay Cássio (Marco Pigossi), criador do bordão "fiquei rosa chiclete", teve que vivenciar sua homossexualidade na maior parte do tempo com uma mulher (?!). Léa (Maria Zilda) fazia o papel da bicha-carteirão no lugar do milionário André (Ricardo Duque), que insinuava um affair com a fashionista. Mas o romance entre eles não aconteceu, preferindo o desfecho de torná-los pai e filho na trama.


Julinho e Osmar
Tititi (remake 2010 - 2011)

Quase todos os personagens eram gays ou simpatizantes, numa novela que parecia ter sido feita especificamente para o público fashion e gay. Mas o casal Julinho (André Arteche) e Osmar (Gustavo Leão) foram separados pela morte de um deles ainda nos primeiros capítulos da novela.


Fina Estampa (2011 - 2012)

Crodoaldo Valério (Marcelo Serrado) era uma bicha delicada, espalhafatosa e submissa a sua Divina Ísis, Tereza Cristina (Christiane Torloni). O mordomo cativou toda a massa e até virou filme de cinema com seu bom humor e simpatia. Mas a sua vida pessoal era mantida em segredo, com um misterioso caso que só mostrava o pé tatuado. Possivelmente era para ser do Zoiudo Baltazar (Alexandre Nero), mas, para não 'denegrirem a imagem da família' (um homem casado homofóbico porque era gay enrustido), preferiram revelar que seu parceiro era o militar aposentado Ferdinand (Carlos Machado).


1º Beijo Gay: Félix e Niko
Amor à Vida (2013 - 2014)

Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) protagonizaram o primeiro beijo gay das telenovelas brasileiras. O problema foi que havia muito assunto para pouco tempo - a trama incluía uma relação conturbada com um pai homofóbico; a não aceitação pelo próprio gay da sua homossexualidade, como acontecia com Félix e com o Eron (Marcello Antony), que sonharam em ter uma 'vida normal' de hétero e pai de família; e ainda a polêmica adoção de crianças por casais gays.

Para piorar, ainda tinha o caso Amariliys (Danielle Winitis), a barriga de aluguel que queria roubar o bebê e o marido do casal Niko e Eron. Assim, o ponto realmente relevante ficou reduzido ao último capítulo da novela com o beijo gay - todos os temas que tentaram relacionar ao personagem Félix, incluindo o fato do vilão virar protagonista e mocinho, ficaram sem grandes abordagens e explicações.

Veja mais Personagens Gays de Novela:
televisao.uol.com.br/album/personagens-gays-novelas


Cartaz sino-soviético (déc. 50) "Sempre juntos!"
Homofobia e Machismo na grande mídia

Alguns políticos e fundamentalistas têm a cara de pau de dizer que os gays querem "homossexualizar" o mundo, como se esta característica sexual fosse inventada pelos LGBT, e como se ela pudesse ser imposta. O Estado, sendo laico, não deveria nem tomar nota disso, por ser uma opinião (crença) e não mais do que isso.

Por sua vez, a lógica do machismo, ainda presente fortemente na nossa cultura, que compreende que uma pessoa deva se casar com uma outra do sexo oposto, de preferência mantendo o papel do homem macho, superior, provedor e protetor, em contrapartida com a figura idealizada da mulher linda e submissa (e objeto de consumo). Qualquer relacionamento afetivo diferente disso receberia automaticamente uma crítica pejorativa.

Falando de TV e os seus personagens de novela, os assumidamente homofóbicos e machistas dizem: "Querem empurrar a 'boiolagem' goela abaixo!" Mas não percebem que fazem pior quando o assunto é futebol e mulher pelada. Por que sou obrigado ficar vendo um monte de dançarinas com a bunda toda de fora como pano de fundo de programa de auditório? Não estão aí querendo empurrar 'goela abaixo' algo que não compraria de jeito nenhum? E o futebol? Será que, na hora do almoço, é todo mundo que gosta de ver jornais esportivos e mesas redondas com homens discutindo as partidas? Dizem que "o Brasil é o país do futebol e da mulher pelada", e esquecem de dizer que não temos outras alternativas - se a grande mídia só mostra isso...

As campanhas publicitárias não ficam atrás - só se vê mulher pelada, quase ou como se estivesse nua, na missão de vender qualquer produto excitando a homarada. Os comerciais mais agressivos são os de cerveja, atrelando o erotismo da mulher-objeto (machismo) com o consumo desenfreado de álcool. Ainda se acredita que o consumidor final é formado só de homens, e heterossexuais.

Veja a lista de reprodução:
Comerciais de TV (Gay / Nu Masculino)

Comercial gringo da Hyundai (2007) + Playlist Comerciais de TV -  Canal Homem RG

Na TV, o 'normal' é ver gostosas rebolando só de biquíni, desfilando de calcinha e sutiã, mulheres fruta, paga peitinhocamiseta molhada... mas fazem o maior escândalo quando estas mesmas situações são protagonizadas por homens. Vemos tantas cenas sórdidas da realidade humana, e um singelo beijo gay causa revolta. A pedofilia ou abuso infantil, por exemplo, é infinitamente maior entre héteros, e o termo quase virou sinônimo de coisa feita por padres homossexuais.

Há muito mais diversidade no mundo do que a grande mídia mostra. Ela ainda prefere disseminar fatos de "intolerância contra homossexuais", como se quisesse que isso nunca acabasse. Sem falar da constante imposição do ideal ilusório dos comerciais de margarina, promovendo a obrigação de casar e ter filhos. Alguém já viu final de novela sem casamento e mulheres ficando grávidas?. Na nossa ficção, a teledramaturgia, parece que não existe camisinha, mas fazem campanhas de carnaval para o sexo seguro!

Campanha "Amor, seja como for" da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Sul (2013)





.
Com tanto machismo, preconceito e discriminação nos próprios veículos 'oficiais' de comunicação, fica fácil entender por que tantos preferem ficar guardadinhos no armário, evitando sofrer represálias da sociedade (com o aval da mídia), casar e ter filhos, para ninguém encher o saco.

Como acreditar que devemos respeitar a diversidade sexual, se a própria grande mídia não se coloca como tal? Talvez teríamos menos atos de violência e mais tolerância entre as pessoas, se assuntos do tipo não fossem mais tabus. Por que os artistas do entretenimento que são gays não falam abertamente que são homossexuais, contando seus romances normalmente como fazem os héteros? Seria pelo mesmo motivo que as mulheres não podem ser 'cachorras' e que os homens devem ser sempre os garanhões?

Curta-metragem nacional Homofobia

O assédio moral no trabalho relacionado à homofobia, o bullying nas escolas ou o coió na rua, tudo é embasado na convicção de que o outro está errado e é inferior, merecendo ser desrespeitado a qualquer tempo, qualquer custo e lugar. E quem coloca estas 'convicções' nas nossas cabeças? Assim, é necessário que os meios de comunicação que se dizem honestos o seja de fato, mostrando a realidade para que a ignorância não seja "vizinha da maldade".

Para os héteros, a convivência aberta com gays acaba derrubando, pelo menos, o preconceito de que aquilo seria algo anormal, fazendo-o compreender melhor a questão e, consequentemente, respeitar aquela suposta diferença sexo-ideológica como uma simples modalidade ou característica humana (além de íntima), assim como a cor da pele, dos olhos ou tipo de cabelo.


Os falsos realitys

Uma constante na seleção dos participantes de reality shows é sempre ser politicamente correto, escolhendo brancos e negros, loiros e morenos, ricos e nem tanto, gays e héteros. Para mim, beleza não é fundamental, mas é estranho perceber que os participantes gays são sempre os feios da casa, deixando para os héteros a posição de galã ou símbolo sexual - a TV pode ser homofóbica, mesmo apresentando personagens gays nos seus programas.

Além disso, nunca houve paquera entre participantes gays, como sempre acontece entre os héteros. Depois do beijo gay na novela, a próxima missão da militância LGBT é ver um romance gay no Big Brother Brasil - #CasalGaynoBBBPlease!

A velha observação de muitos preconceituosos em relação aos gays, "eles lá e eu cá", revela uma vontade de dividir os ambientes e espaços de convivência entre gays e héteros, como se na realidade isso fosse possível. Estes 'espaços', na verdade, limitam o que um homossexual pode ou não fazer perto de um desses machões - uma simples troca de homoafetividade pode ser considerada agressão ou desrespeito para o homofóbico. Se a mídia mostrasse (ou fizesse entender) que existe gay em todo lugar e em toda família, e que compartilhamos os mesmos lugares, talvez evitaria tamanha injúria.


A censura na TV aberta

Por outro lado, nenhuma TV ou outra mídia tem a obrigação de informar coisa séria, ser boazinha, verdadeira, filantrópica, ou educativa, a não ser as que já possuem este marketing. A princípio, a televisão é apenas um meio de entretenimento, antes mesmo de ser um veículo de comunicação. Mas, se o canal levanta a bandeira de passar informações concretas e precisas, fundamentadas ou, especificamente nas novelas, ser o "espelho da sociedade", seria então obrigatória uma representação mais fiel da realidade.

Os veículos mais importantes, como Rede GloboGoogle, podem querer fazer o papel de 'donos da verdade', tamanho é o alcance e credibilidade de ambos. Mas temos que ter cuidado com as possíveis manipulações políticas e comerciais, haja vista que estes são os pilares de qualquer tipo de mídia profissional. Assim, nenhuma empresa de comunicação é isenta ou imparcial - os anunciantes, inclusive o governo, são os que ditam as regras. É também um dos motivos de muitos programas de comédia da TV aberta serem piores, em comparação com as produções independentes, uma vez que os humoristas não podem falar o que falam livremente no teatro, por exemplo. E então, existe liberdade de expressão?


O "conteúdo impróprio" na web

As sinalizações e avisos a violações de políticas de conduta e conteúdo do usuário nas redes sociais (principalmente os tubes de vídeo) são frequentes na internet quando este 'conteúdo' é pornografia ou apenas cenas de nudez. Em contrapartida, vídeos ou compartilhamento de fotos sem nudismo, mas que possuem imagens tão ou ainda mais pornográficas, acabam permanecendo disponíveis para visualização por qualquer internauta.

Inês Brasil e o viral para entrar no BBB13
Aos moldes da censura da 'moral e bons costumes', porém nem sempre, os vídeos dos programas Pânico e Teste de Fidelidade no Youtube sempre mostram como capa imagens de bundas de mulheres. Mas se a mesma 'putaria na TV' for uma bunda de macho, pode ser o vídeo excluído e, muitas vezes, até o canal banido.

O risco de erro destas políticas está no velho conservadorismo machista. Em outras palavras, pura caretice! Muitos vídeos artísticos importantes acabam sendo removidos, enquanto milhares de outros acumulam visualizações sem nenhuma restrição, mesmo com cenas muito mais sacanas, ainda que os protagonistas estejam vestidos.

Quando se faz um upload de um vídeo no YT, imediatamente ele recebe uma classificação em relação ao conteúdo visual, além das contestações de direitos autorais. Os classificados com a letra N (nudez) ou S (sexo) e em amarelo podem conter cenas de pessoas com pouca roupa (decotes, roupas íntimas e trajes de banho), mas não podem exibir qualquer nudez rápida ou prolongada, incluindo ainda a parcial. No caso da categoria Sexo, não podem ter conduta ou conotação sexual.

Já os vídeos classificados com a cor vermelha e o símbolo N+ ou S+ podem apresentar cenas de exposição de bundas ou seios parcialmente nus. Esta sinalização permite a exibição de cenas de nudez total, desde que se enquadre no requisito básico para tal: contexto educacional, documentário, científico ou artístico. São excluídos os vídeos com conteúdo sexual explícito. Mas e se este 'sexual explícito' for artístico e, ou científico?

Os conteúdos sem nenhum tipo de nudez ou cenas de sexo são classificados pela cor verde e ficam livres para o acesso de todos os usuários, desde que também sejam permitidos pelas categorias Violência e Drogas, além de não violarem direitos autorais.

Mesmo com a opção dos sites usarem dispositivos de alerta para o usuário que vai assistir tais 'vídeos impróprios' (classificação etária, avisos Warnig / Advertência / Cuidado!), redes como Facebook, Google e Yahoo decidem o que pode ou não ser publicado, antes mesmo de deixar esta opção para quem iria ver.


Veja o alerta do Google+:
"O Google+ não é um local para pornografia ou conteúdos sexuais explícitos. A maioria dos conteúdos com nudez não é permitida, mesmo que não seja num contexto sexual. Existem exceções para determinados conteúdos educacionais, documentais, científicos e artísticos, mas apenas se for este o objetivo único dos mesmos e se não forem demasiado gráficos."

Neste sentido, a vida virtual parece mesmo diferente do 'real', e até mais conservadora. Andando pelas ruas, por exemplo, podemos entrar em qualquer lugar comercial, seja um supermercado ou um prostíbulo. O que poderia limitar estes acessos reais seria talvez ser maior de 18 anos e o fato de poder bancar ($). Aliás, estas delimitações Conteúdo Adulto, Restrito, Infantil ou Pornográfico são bem controversas. Seria melhor que deixassem com o próprio usuário (adulto) esta questão.


O Nu Frontal no Cinema

No cinema, se o assunto passa pela sexualidade (e é bem difícil alguma história adulta que não entra neste assunto), muito provavelmente terá cenas sensuais, de sexo ou de nu. Como a nudez ainda é um tabu para a maioria, é geralmente evitada, passa rapidamente, ou é mostrada fora de foco ou de enquadramento, mesmo quando faria parte do contexto, na tentativa de se distinguir da pornografia.

Leia mais sobre O nu frontal masculino no cinema



Alguns dos raros momentos de rebeldia

No meio de tanto conservacionismo, machismo e homofobia, alguns programas de TV surpreendem pelo conteúdo inusitado transmitido até em canal aberto. Claro que não estou mais falando do Brasil, que continua com seus canais ainda nos moldes do 'macho latino', onde o que importa é cerveja, futebol e muita mulher pelada. Mas de alguns momentos da televisão pelo mundo afora que merecem destaque.

Um desses momentos foi um exame preventivo para o câncer de testículos no Reino Unido, com sete jogadores de rugby sem calça e sem cueca - só de camiseta no estúdio. Um urologista mostra em detalhes uma ultrassonografia feita no saco de um dos esportistas, servindo os demais para demonstrarem como se faz o exame de toque, para detectar os nódulos e... todo mundo de saquinho de fora. Veja o vídeo:

LFTC Testicle Check

Na Tailândia, o programa Kissing Underwear (Beija a Cueca) faz comédia com uma brincadeira bem das safadas. O game show é praticado por duplas de adversários que vão respondendo as perguntas do apresentador. Se a resposta for errada, o participante leva 'malada' na cara. Isso mesmo! Ao invés de torta na cara, recebe uma boa esfregada de mala na fuça.

Um dos adversários fica sentado numa cadeira semelhante às usadas em exame ginecológico, só de cueca e com as pernas abertas. Do outro lado seu concorrente espera sentado em uma cadeira normal, respondendo as perguntas do apresentador pentelho. A medida que o participante erra as perguntas, a cadeira com o adversário de pernas abertas vai se aproximando, até literalmente esfregar na cara do perdedor (pra mim, um campeão). Veja o vídeo:

Kissing Underwear Game Show TV

E se os programas daqui fizessem com que pudéssemos ver com mais detalhes os nossos boy magia? Nestes vídeos, também tailandeses, além de levá-los para o sofá, os apresentadores bibas colocam os gatos sem camisa para mexerem os peitinhos, abaixam o calção deles para ver a cueca e, claro, a mala. Veja os vídeos:

Tamanho em dobro com os gêmeos

Sr. blow Tung

Ou um comercial de cozinha planejada (IKEA), onde o protagonista aparece de toalha e fica peladão, pagando uma bela bundinha.

IKEA - Need something new?

No Orgasm Wars, um reality show japonês, os participantes (gays) tem como tarefa fazer um hétero gozar contra a vontade fazendo sexo oral no palco. Eles tampam com um biombo, mas mostram bem as expressões do hétero durante o bola gato e da gozada, além de detalhes como o participante limpando a boca melada de esperma em sinal de... missão cumprida!


Poko x Tate - Orgasm Wars: AV actor Sawai VS

E até um concurso gigante de drag queen, com direito à transmissão ao vivo pela TV internacional espanhola. O Gala Drag Queen é realizado em Las Palmas de Gran Canaria, um município espanhol localizado na ilha Gran Canaria, que fica mais próxima da África do que da Europa. Tem a participação de jurados badalados e personalidades locais famosas, assim como nos concursos de miss - e tem até drag coach!


Gala Drag Queen 2013 - Las Palmas de Gran Canaria

2 comentários:

  1. Problemas no meu navegador ou o vídeo de A PRÓXIMA VÍTIMA está em Russo?
    hehehe

    ResponderExcluir
  2. caralho os japoneses são loucos por sexo show de orgasmos é otimo fazer um hetero gozar que sacanagem! uma vez vi uma foto de reality japones a bunda das mulheres no biombo e os caras lambendo a bunda delas pra saber o que elas tinham comido pelo cheiro do cu! loucura

    ResponderExcluir

Este comentário poderá ser publicado no novo site homemrg.com