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15 de jan. de 2014

Mc Xuxú e o funk transexy

Um beijo pras travesti!

Mineira de Juiz de Fora, a funkeira e transexual Xuxú Vierah, de 25 anos, se tornou uma sensação na internet e no funk nacional com o videoclipe Um Beijo, canção composta por ela, e que usa o sample do hit Hello, do DJ francês Martin Solveig.

Segundo a MC, a letra é um recado contra a homofobia: “ultimamente tenho lido muitas notícias sobre assassinatos de travestis e isso é muito triste” - dizia ao Virgula Música.

O estilo musical é definido por ela como "moderno, que sempre pode vir acompanhado de outros ritmos". Nas suas entrevistas, Xuxú conta que sempre gostou das cantoras e divas Wanessa e Beyoncé. E ela segue a mesma linha, com beleza e sensualidade, assim como qualquer musa do funk ou pop. Além do visual pussycat dolls, as músicas passam também mensagens mais sérias como, por exemplo, sobre a homofobia, tudo ao som do pancadão. No seu último trabalho, o estourado funk Um Beijo, a MC conta que quer passar diversidade e alegria com a letra. Veja o clipe:

Mc Xuxú - Um beijo (Clipe Oficial)

Um beijo pra quem é DJ
Um beijo pra quem é MC
Um beijo pra quem está solteira
Um beijo pras travesti.

Além de uma levada contagiante e letra divertida, o clipe do hit Um Beijo tem coreografia com dançarinos, muitas trocas de roupas e cabelo, empolgando a galera que curte coisas bem feitas e produzidas, além dos simpatizantes com a ideia de a artista ser uma trans. O refrão, em que Xuxú manda beijo para as travestis, fica facilmente na cabeça (aliás, "um beijo" é uma expressão muito usual das travas), fora o intuito de semear alegria e amor para todos os tipos de pessoas.

Xuxú Vierah cantava em um grupo de hip hop chamado Zumbi dos Palmares. Ela se apresentava com identidade visual masculina (vestia roupa de menino) e cantava músicas românticas. Até perceber que aquilo não estava adiantando muito para a própria satisfação pessoal. Aí ela resolveu "dar uma geral" e voltou como travesti, falando sobre preconceito e homofobia.

Vivendo no Rio de Janeiro, depois dos 18 anos, assumiu também o funk, este como linguagem artística: “Com o funk, posso tratar dessas questões com mais alegria. Isso ajuda até a falar sobre a homofobia”, comentou em entrevista para O Tempo.

Xuxú em Pantera Cor de Rosa

Embora MC seja diferente de cantor ou cantora, Xuxú diz nunca ter feito aula de canto, e que tudo que sabe aprendeu em karaokê. Mas seu primeiro clipe, Pantera Cor-de-rosa, um rap que fala sobre preconceito, tornou-se um viral na web, chegando a concorrer ao VMB de 2009 na categoria Webclipe. Três anos depois dessa fama instantânea, Xuxú volta, e ainda mais poderosa.

O clipe do funk chiclete Um Beijo, em pouco mais de 15 dias após publicado no YouTube, já estava com 200 mil visualizações. E, aproveitando o sucesso, Xuxú se reafirma militante pela diversidade sexual, através de um canal de comunicação aberto com o Movimento Gay de Minas (MGM), um dos grupos mais atuantes do país, com sede em Juiz de Fora, onde voltou a morar.

Mc Xuxú na Radio Globo

Do time dos que mais sofrem discriminação (inclusive de outros gays), entre todos os tipos de 'minorias', os transexuais, Mc Xuxú não se abala com os comentários preconceituosos que lê de seus vídeos na internet: "Eu acho que eu não deveria ler, mas daí eu lembro que tem comentários bons também e não resisto. Tem aqueles que detonam, aqueles que exaltam, aqueles que são construtivos, depende do ponto de vista. Não é qualquer comentário que me abala", disse em entrevista.

Quanto ao assunto preconceito, ainda que na vibe de uma gostosa do funk tipo Anitta (o que vem a calhar), o fato de ser um artista transexual em evidência positiva acaba fazendo todo mundo pensar sobre. “Preconceito está em todo lugar. Tenho recebido muitos comentários, positivos, na maioria. Esses dias, fui cantar num baile funk na Rocinha (RJ) e fiquei surpresa, fui muito bem recebida, mas confesso que tremi. Porém, não vi uma travesti. Eu não posso dizer que a minha música vai mudar as coisas, mas acho que ajuda a fazer pensar pelo menos um pouco na questão da homofobia” - diz a gata 'transexy'.

Xuxu DEIXA EM OFF by Nel

Assim como as mulheres e os negros, a representação em novelas com papéis variados e tirando o estigma de que estas podem ser uma mesma coisa, ou nos palcos da música, com artistas pop assumindo identidades de gênero ou estilos diferentes do convencional 'macho' e 'fêmea', transexuais famosos podem ajudar e muito na diminuição do preconceito contra transgêneros nas ruas e nos estabelecimentos comerciais e, ou públicos. Afinal, o que identificamos como admirável não pode ser vexatório.

Saber que nem todo travesti faz programa, que elas podem estar também em outras profissões, inclusive ser uma chefe sua ou professora, já seria um grande passo para a sociedade respeitar mais a sua própria e natural diversidade. E diz aí: que diva pop não é de fato um travesti? Barbra? Donna Summer? Madonna? Whitney? Cher? Gaga? Wanessa? Cláudia Raia? Beyoncé? Mariah Carey? Céline Dion? Rihanna? Perry? Preta Gil? ... Pra mim, são todas traveco. A cantora Titica, por exemplo, é a sensação transex do kuduro, ritmo angolano que tem o mesmo objetivo do funk: fazer a galera tremer, requebrar, ser feliz e descer até o chão.

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